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FINANCIAMENTO DA ACÇÃO RESPECTIVA A MINAS
É muito difícil obter um diagrama exacto e completo do
financiamento da acção respectiva a minas. No entanto, a partir da pesquisa e
relatórios do Landmine Monitor, é possível obter um quadro representativo e
informativo da situação global. O Landmine Monitor identificou cerca de $640
milhões de gastos em acção respectiva a minas da parte de 17 doadores
principais. Quase todos estes dispêndios ocorreram entre 1993 e 1998.
Esta cifra está longe de ser um total global completo para o
financiamento da acção respectiva a minas até a actualidade, e não só por
ser o financiamento de apenas dezassete doadores principais. Para alguns desses
doadores ela não engloba gastos com apoio a vítimas, e para outros não
engloba financiamento da acção respectiva a minas para 1998 ou para outros
anos anteriores, e para outros ainda não engloba financiamento da acção
respectiva a minas de todos os departamentos e agências governamentais. O
Landmine Monitor tentou também separar fundos para pesquisa e desenvolvimento
para tecnologia e equipamento de eliminação de minas deste total. Também
excluído do total foram US$175 milhões de financiamento da acção respectiva
a minas da Comunidade Europeia, porque, pelo menos nalguns dos casos, os
principais doadores declararam as doações para a CE como parte dos seus gastos
de acção respectiva a minas domésticos. Este total também não inclui
contribuições de bens (e não de dinheiro) de alguns destes doadores, nem as
contribuições substanciais de bens da parte de outros doadores.
Assim, o dispêndio global na acção respectiva a minas até
hoje deve ser pelo menos dezenas de milhões de dólares mais elevado que os
$640 milhões derivados dos relatórios de dezassete principais doadores. Mas é
uma cifra útil de se comparar com os $500 milhões prometidos apenas durante a
conferência de assinatura do tratado de Otava, em Dezembro de 1997, ou com o
alvo de $100 milhões anuais da iniciativa de 2010 dos EU.
A maioria dos dezassete doadores forneceram uma
discriminação anual pelo menos parcial do seu financiamento da acção
respectiva a minas, o que permite alguma avaliação da tendência e evolução.
Com mais um aviso de que as cifras não são de modo algum completas, e
reconhecendo que os governos não compilaram esta informação de maneira
uniforme, se o financiamento da acção respectiva a minas declarado for somado
para cada ano desde 1993, os resultados são os seguintes:
1993: $22 milhões (6 doadores declarantes); 1994: $41
milhões (8 doadores);
1995: $64 milhões (9 doadores); 1996: $94 milhões (10
doadores); 1997: $100 milhões (11 doadores); 1998: $169 milhões (11 doadores).
O enorme salto de 1997 para 1998 deve-se a grandes aumentos
do Canadá ($18,7 milhões) e dos Estados Unidos ($17,6 milhões), mais a
aumentos substanciais da Alemanha ($5,2 milhões), da Suécia ($4,7 milhões),
da Noruega ($4,2 milhões), do Reino Unido ($3 milhões) e da Finlândia ($2,1
milhões). Também é de notar que a Itália gastou $12 milhões, mais do que o
total do seu gasto nos três anos anteriores, e o Japão gastou $8,7 milhões,
quase 30% de todo o seu financiamento da acção respectiva a minas anterior. (Não
existem cifras para 1997 para estes dois países para efeitos de comparação).
Principais Doadores para a Acção Respectiva a Minas
Todas as cifras são em dólares americanos, salvo nota em
contrário.
Estados Unidos - $164,3 milhões
Para os anos fiscais de 1993 a 1998,. Não inclui
financiamento de apoio a vítimas. O Fundo das Vítimas de Guerra Leahy,
principalmente destinada a vítimas de minas, alcançou um total de $50 milhões
de 1989 a 1998.
Não inclui igualmente $45 milhões para pesquisa e
desenvolvimento de eliminação de minas. Os EU afirmaram que as suas
contribuições para programas de acção respectiva a minas, englobando
pesquisa e desenvolvimento, vão alcançar um total de $100 milhões no ano
fiscal de 1999.
1993 $ 10,2 milhões
1994 $ 15,9 milhões
1995 $ 29,2 milhões
1996 $ 29,8 milhões
1997 $ 30,8 milhões
1998 $ 48,4 milhões
Noruega - $66,6 milhões
Inclui financiamento do Ministério dos Negócios
Estrangeiros 1994-1998 (NOK 398 milhões) e da Agência Norueguesa para
Colaboração no Desenvolvimento 1994-1997 (NOK 101 milhões). Inclui
financiamento para apoio a vítimas. Em Dezembro de 1997, a Noruega prometeu
gastar $120 milhões, ao longo de cinco anos, na acção respectiva a minas.
1994 $4,0 milhões
1995 $11,6 milhões
1996 $13,5 milhões
1997 $16,7 milhões
1998 $20,8 milhões
Suécia - $52,1 milhões
Inclui financiamento de 1990 a 1998 (SEK 417 milhões).
Calcula-se que um máximo de 10% foi gasto em apoio a
vítimas.
1990-93 $5,5 milhões
1994 $2,6 milhões
1995 $5,1 milhões
1996 $10,4 milhões
1997 $11,9 milhões
1998 $16,6 milhões
Reino Unido - $49,7 milhões
Inclui financiamento do ano fiscal de 1992-93 até
1998-99. Não inclui financiamento de apoio a vítimas, ou as contribuições do
RU para os projectos de eliminação de minas da CE. Na conferência de
assinatura do tratado de Otava, o RU disse que duplicaria a sua contribuição
anual para as actividades de eliminação de minas, para um total de 10 milhões
de libras ($16 milhões) até o ano 2001.
1992-1993 $2,8 milhões
1993-1994 $5,1 milhões
1994-1995 $9,6 milhões
1995-1996 $7,9 milhões
1996-1997 $7,1 milhões
1997-1998 $7,1 milhões
1998-1999 $10,1 milhões
Alemanha - $42,4 milhões
Inclui financiamento de 1993-1998 pelo Ministério dos
Negócios Estrangeiros (DEM 51,3 milhões) e Ministério do Desenvolvimento e
Cooperação Económica (DEM 31, 2 milhões). Aparentemente, inclui
financiamento de apoio a vítimas. Foram despendidos mais DEM 9,5 milhões ($5,4
milhões) em pesquisa e desenvolvimento de eliminação de minas.
Existe uma discriminação para os fundos do Ministério dos
Negócios Estrangeiros, mas não para o Ministério do Desenvolvimento e
Cooperação Económica.
1993 $0,3 milhões
1994 $0,5 milhões
1995 $0,8 milhões
1996 $7,9 milhões
1997 $4,9 milhões
1998 $10,1 milhões
Japão $38,7 milhões
Apesar de não existir uma discriminação anual, isto
inclui cerca de $30 milhões em 1997, e $8,65 milhões (106 milhões de yen) em
1998. Aparentemente inclui financiamento de apoio a vítimas. Na conferência de
assinatura do tratado de Otava, o Japão prometeu gastar 1 bilhão de yen ($85
milhões) em cinco anos.
Dinamarca - $37,7 milhões
Entre 1992 e 1998. Inclui DKK 90 milhões ($13 milhões)
em contribuições bilaterais, e DKK 175 milhões ($24,7 milhões) para
agências da ONU, o ICRC e organizações não governamentais. Inclui
financiamento de apoio a vítimas. A seguinte discriminação não inclui
contribuições bilaterais.
1992 $1,9 milhões
1993 $1,7 milhões
1994 $2,0 milhões
1995 $2,3 milhões
1996 $7,2 milhões
1997 $4,7 milhões
1998 $4,9 milhões
Canadá - $37 milhões
Inclui gastos da Agência Canadiana de Desenvolvimento
Internacional de 1993-1997 de Cdn$16,8 milhões ($11,1
milhões), do Gabinete de Defesa Nacional 1989-1997 de Cdn$6,2 milhões ($4,1
milhões), do Fundo Canadiano de Minas Terrestres em 1998 de Cdn$33 milhões
($21,7 milhões). Inclui financiamento de apoio a vítimas. Não inclui
aproximadamente $1 milhão em pesquisa e desenvolvimento de eliminação de
minas. Em Dezembro de 1997, o Canadá prometeu gastar Cdn$100 milhões em
acção respectiva a minas nos próximos cinco anos.
1989 $1,7 milhões
1993 $2,2 milhões
1994 $2,9 milhões
1995 $1,5 milhões
1996 $4,0 milhões
1997 $3,0 milhões
1994 $21,7 milhões
França - $35,7 milhões
Este financiamento para 1995-1998 inclui 142 milhões de
francos contribuídos para programas de acção respectiva a minas da UE, e 72
milhões de francos para programas bilaterais. O financiamento de apoio a
vítimas está incluído. Não existe uma discriminação anual.
Holanda - $30,2 milhões
Este financiamento, para 1996-1998 apenas, para eliminação de minas,
sensibilização às minas, e apoio a vítimas.
1996 $10,7 milhões
1997 $10,2 milhões
1998 $9,3 milhões
Austrália 22,9 milhões
Para 1994-1999 (Aus$36 milhões). Não existe discriminação
anual. Aparentemente inclui financiamento de apoio a vítimas. A Austrália
prometeu gastar Aus$100 milhões ($65,2 milhões) em acção respectiva a minas
até ao ano 2005.
Itália - $22,4 milhões
Inclui 1,8 bilhões de liras ($10,45 milhões) para 1995-1997
e 2 bilhões de liras ($11,97 milhões) em 1998. Aparenta incluir financiamento
de apoio a vítimas.
Suíça - $16,9 milhões
Para 1993-1997 e inclui $11 milhões para apoio a vítimas,
$5,5 milhões para eliminação de minas e $400.000 para programas de
sensibilização às minas.
1993 $2,7 milhões
1994 $3,5 milhões
1995 $4,1 milhões
1996 $2,6 milhões
1997 $4,0 milhões
Finlândia - $14,4 milhões
Para 1991-1998. Desconhece-se se inclui programas de apoio a
vítimas. A Finlândia prometeu gastar $22,6 milhões em acção respectiva a
minas entre 1998-2001.
1995 $0,7 milhões
1996 $1,3 milhões
1997 $4,5 milhões
1998 $6,6 milhões
Bélgica - $5,1 milhões
Inclui gastos em acção respectiva a minas 1994-1998. Foram
gastos mais $2,65 milhões em pesquisa e desenvolvimento de eliminação de
minas.
Áustria - $4,2 milhões
Financiamento em 1994-1998 (54 milhões de xelins), para
agências e ONG para eliminação de minas, sensibilização às minas e
programas de apoio a vítimas.
Irlanda mais de $4 milhões
Financiamento em 1994-1997 (mais de 3 milhões de libras)
para projectos de eliminação e reabilitação, e inclui apoio para programas
do país, o FUNDO Fiduciário Voluntário da ONU, e ONG. O total de 1997 foi
1,14 milhões de libras.
Financiamento de Pesquisa e Desenvolvimento de
Eliminação de Minas
Sempre que possível, as cifras acima não incluem
financiamento para pesquisa e desenvolvimento de tecnologia e equipamento de
eliminação de minas, apesar de se desconhecer, nalguns casos, se o respectivo
governo incluiu pesquisa e desenvolvimento no seu total. O Landmine Monitor
identificou os seguintes gastos em pesquisa e desenvolvimento:
*Estados Unidos: $45,4 milhões (1995-1998) com mais uma
estimativa de $17,7 milhões para 1999;
*Suécia: aproximadamente $22,5 milhões (1994-1998);
*Holanda: aproximadamente $10 milhões (1997-1998);
*Bélgica: $2,65 milhões (em 1998);
*Reino Unido: $1,7 milhões (1994/95-1998/99)
*Canadá: cerca de $1 milhão em 1998, o primeiro ano de um
programa de cinco anos de $11,2 milhões;
*A Austrália disse que gastaria $2,6 milhões 1998-2002;
*Comunidade Europeia: $18 milhões.
Principais Receptores de Acção Respectiva a Minas
Cifras exactas, completas e comparáveis para os principais
receptores de acção respectiva a minas ainda são mais raras que as dos
principais doadores de acção respectiva a minas. As cifras seguintes, da
pesquisa e relatórios do Landmine Monitor, apesar de incompletas, dão uma
ideia geral do financiamento de acção respectiva a minas em diversos países
afectados. Parece claro que os principais receptores foram o Afeganistão,
Moçambique, o Camboja, a Bósnia-Herzegovina e Angola.
No Afeganistão, o financiamento para o Programa de
Acção Respectiva a Minas da ONU para o Afeganistão totalizou $113 milhões
desde 1991 até Outubro de 1998. Inclui eliminação e sensibilização, mas
não apoio a vítimas. O ministro dos negócios estrangeiros e cooperação de Moçambique
disse que o financiamento para a eliminação de minas de 1993 a 1998 excedeu os
$116 milhões. O Landmine Monitor conseguiu identificar pormenorizadamente $93,5
milhões de gastos de doador e promessas para acção respectiva a minas em
Moçambique, para o período entre 1994 e 2001.
As contribuições em dinheiro para o Centro de Acção
Respectiva a Minas do Camboja totalizaram $63 milhões em 1994-1998, mas
as contribuições de bens equivalem a milhões, talvez dezenas de milhões
mais.
Os doadores declararam cerca de $83 milhões em
contribuições e promessas. As contribuições para acção respectiva a minas
para a Bósnia-Herzegovina de dez doadores principais, e 1996-1998
totalizaram $36 milhões, e o Banco Mundial está apoiar um Projecto de
Reabilitação de Vítimas de Guerra de $30 milhões. Angola recebeu uma
estimativa de $51 milhões dos seus principais doadores em 1998.
Cinco países doadores e a UE gastaram ou prometeram $11,8
milhões para acção respectiva a minas no Curdistão iraquiano em
Novembro de 1998. Foi declarado que, sob o acordo por intermédio da ONU de
petróleo por comida, com Bagdade, foram destinados $16,5 milhões para
eliminação de minas e pesquisas no Kurdistão iraquiano em 1998, apalavrado
para os Serviços do Gabinete de Projectos da ONU. O governo do Laos
declarou $5 milhões em contribuições de dinheiro e $8 milhões em bens para o
Fundo fiduciário de UXO do Laos, em 1996-1998. Os governos doadores afirmam ter
contribuído e prometido mais de $26 milhões ao Laos.
Seis doadores afirmam ter prometido e contribuído $13,5
milhões e financiamento para acção respectiva a minas, aos países
centro-americanos Nicarágua, Honduras, Costa Rica e Guatemala,
sendo a maioria da quantia através dum programa regional em cooperação com a
Organização dos Estados Americanos e do Gabinete de Defesa Inter-Americano. Em
1998, os EU gastaram $12 milhões em programas de acção respectiva a minas na Ruanda,
$8,2 milhões na Etiópia, $8 milhões na Eritreia e $7,2 milhões
na Namíbia. A Croácia gastou aproximadamente $26 milhões do seu
orçamento em acção respectiva a minas, mas recebeu cerca de $4 milhões da
comunidade internacional.